domingo, 16 de outubro de 2016

O tamanho da vaca influência no seu sistema de produção

Artigo muito interessante - Leiam 
Este artigo foi copiado de uma página no facebook de Luis Carlos Vargas que utilizou uma fonte citado no final do artigo. 


Vacas são a base da produção de carne e representam cerca de 2/3 da população em rebanhos de cria, o que significa uma parcela muito significativa no custo de produção.
De fato, no ciclo de produção de um novilho de corte, 70 a 75% do custo energético se concentra no par vaca - bezerro desmamado, mas a vaca representa 50% daquele total. O impacto econômico do componente vaca fica fácil de ser percebido.
Cuidar para que as vacas estejam adequadas ao sistema passa a ser fundamental, já que resolver essa questão significa buscar soluções para quase 80% dos desafios da produção de carne bovina.
Vacas comem muito, por isso a eficiência alimentar é um requesito importante. Vacas só pagam sua estadia nas fazendas se parirem cedo e regularmente, caso contrário se tornam inquilinas caloteiras.
Falar em vaca ideal é uma falácia. Na verdade, existem vacas adequadas para cada sistema de produção.
O custo médio de manutenção de uma vaca é da ordem de 84 kcal para cada quilo de peso metabólico. Ou seja, o tamanho da vaca é o tamanho do problema.
Lidar com essa questão de tamanho adequado da vaca é complexo. 
Vamos considerar dois parâmetros do crescimento dos animais. Um é o chamado peso adulto (A) que indica o peso do animal no ponto de sua parada de crescimento; o outro, é a taxa de maturação (K), que indica a velocidade com que o animal atinge determinada proporção de seu peso adulto.
Por exemplo, uma vaca com um A de 450 kg se chegar a um ano de idade com 225 kg terá um K de 50%. Já outra, com um A de 700 kg, para ter um K de 50%, precisaria pesar 350 kg com um ano de idade.
Uma fêmea só atinge a puberdade quando alcança 60% do seu peso adulto. Do ponto de vista genético, os parâmetros A e K apresentam correlação negativa, o que significa dizer que quanto maior o peso adulto, menor a precocidade do animal.
Voltando às duas vacas, seria necessário que pesassem, respectivamente, 270 kg e 420 kg para estarem púberes. 

Nem é preciso dizer que os custos energéticos para uma e outra são muito diferentes.
Grosseiramente, teríamos para a primeira vaca um consumo de 8.207 kcal/dia, e para a vaca de 700 kg, 11.431 kcal/dia (um ser humano médio consome cerca de 2.500 kcal/dia).
Isso equivale a aproximadamente 13 quilos de capim por dia a mais para vaca de 700 kg. 
Contudo, essa diferença não é um problema se houver disponibilidade sustentável de comida (energia) e, por isso, a eterna discussão do tamanho da vaca ideal. 
Cada um deve considerar seu sistema de produção. A vaca “ideal” irá emergir desse cenário e não de definições padronizadas por um modelo generalizado.
Existem perdas no metabolismo animal, mas também existem grandes diferenças genéticas entre indivíduos e entre raças no aproveitamento da energia que podem chegar até aos 30%.
Essa eficiência, porém, é complexa e de difícil mensuração. Possivelmente erramos menos ao optarmos pelas vacas medianas, já que as pequenas seriam mais eficientes, mas produziriam novilhos muito leves; e as grandes produziriam novilhos pesados, porém mais tardios e energeticamente mais caros.
Há outro parâmetro essencial: a relação peso da vaca com o peso a desmama de sua cria, que deve ser ao redor de 50%. É improvável que uma vaca de 800 kg desmame um bezerro de 400 kg, mas é viável uma desmama de 250 kg para uma vaca de 500 kg.
Existe ainda o referencial de que o peso adulto de uma vaca deve ser próximo ao de seus filhos quando prontos para o abate, ou seja, entre 18 e 20@. Extremos não seriam convenientes.
Refletir sobre uma das máximas da ciência animal enunciada pelo Dr. Tom Cartwright, da Texas A&M University, ainda na década de 1970 é esclarecedor: “os sistemas de produção de bovinos de corte são caracterizados pelo antagonismo genético entre os objetivos econômicos de aumento da taxa de crescimento até a idade de abate e da redução das exigências nutricionais das matrizes na fase de reprodução”.
(artigo publicado na Revista Globo Rural de fevereiro de 2016)
LUIZ JOSAHKIAN

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